quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Orvalho

Mas um dia vai chegando ao fim.
Todos aqueles olhos cansados agora podem descansar.
Todos podem repousar suas cabeças sobre suas angústias.
E enquanto a lua tenta sorrir, as manchas de sangue que a cobrem
Impedem que sua real natureza desabroche.
As estrelas escondidas atrás das nuvens de decepções
Tentam não mostrar-se desnudas, mas a inconstância constante de suas atitudes
Mostram a sua fraqueza.
Os raios aos poucos aparecem, mas logo se vão.
O ar seco no céu impede que a tempestade chegue.
Zunidos interpostos, em posições aleatórias, conduzem duas retas paralelas a se cruzarem.
Crianças ficam acordadas com medo da sombra do seu abajur.
Adultos dormem dopados pela dose mais alta de exaustão.
Velhos vegetam em suas cadeiras de balanço esperando a hora da sua morte.
Animais saem para procurar comida.
Presas se escondem entre as folhas.
O romantismo afoga sua cabeça em um formigueiro.
E o nexo foi seqüestrado pela realidade paralela.
As palavras não se comunicam.
E as frases não querem estabelecer ligações.
É... Acho que elas estão dormindo.

2 comentários:

Bruna Trindade disse...

Muito bom, irmão. Muito bom...
Gostei de ler eventos impossíveis humanamente, se tornando possíveis(ex: duas retas paralelas se cruzando). Pra alguma coisa tinha que servir a literatura: nela, pelo menos nela(até onde eu sei), o inatíngivel, é finalmente atingido. O abstrato torna-se concreto.
Isso é legal. Nem sempre é real, mas legal é.

p.s: Continuo afirmando que levaria jeito pra Letras...haha

Bruna Trindade disse...

Só mais uma coisa: seus textos tem um 'q' de Baudelaire!

Embora trabalhe com a NOITE, seus textos tendem mais para o Modernismo do que para o Romantismo ou Realismo.